Bem - vindos queridos mequetrefes!!!


quinta-feira, 12 de maio de 2011

Precipício

O mundo está vivendo na escuridão do mundo
Viver no mundo é viver imundo na sujeira alheia
Todas as crias já não se criam até o fim do início
Pecam na cruz sugando a vida que desmundou

E da essência desse mundo carente a boca fé
Mata a prece do corpo fértil que reage a glória
Julgamos a ressurreição do mundo no silêncio
O mundo dos pensamentos move nossa oração

Velhos terços novos de minha labuta de mulher
Corrompe as veias e lava minhas impurezas feias
O mundo nos dá os precipícios e facilidades em ter
Devora as almas famintas de perdão e desapego

Ajoelha nos becos imundos a reza dos homens
Implora tuas vontades mais pecadoras e fiéis
Não esvazia tua alma que de sede vomita fel
Nasce um mundo criado e destruído pela fé.

Silmara Silva

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Aranhas [...]


Enveneno tuas teias embebidas de fome e frio no breu da corte vil
E na languidez sublime me comeste o cérebro ruivante sufocar-me!
De dentro do beco sujo de origens que te tece de linhas bucólicas
Agarra-te nas sombras de corpos que desfiam na sede sem ar

Tempera tua dança em pernas afinadas de temperamento carnal
Escorre nas paredes úmidas tua ironia ríspida e encaixa no nada
Lateja a gosma do teu amanhecido veneno nas entrelinhas acorda
Escova os buracos, as alcovas, as entradas sem entradas de saída

Lentamente de impactos súbitos envolve minha mente anacróticos
Entrelaçados de vultos aracnofobicos sujeitos a aversão do toque
Medo tridimensional digerido irracionalmente em estado de choque
Bloqueia meu corpo de movimentos expressivos e me prende em ti

E na luta de milhares de pernas dançando em fios finos gritantes
Enrosco-me no gosto de suas pernas abertas em fogo soluçantes
Aranhas de meu eu nascidas das entranhas das virgens fêmeas
Dorme na insanidade de tuas teias e seja dança oferecida a pó.

Silmara Silva

(Escrito especialmente aos bailarinos Nayara Fabricia e Zé Carlos).