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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O Estudo do Nada

Nasce o nada para ser nada
Nada vem do nada em vão
Vão do nada em busca surgir
Surgir o ser e não agir

Agir em planos impares
Impares no nada é par
Par de dois ou três de nada
De nada vale sentir o nada

Nada mais intimo que ler
Ler o nada traduz saberes
Saberes que o nada existe?
Existe para seres nada enfim

Enfim de tudo o nada explica
Explica o nada sinônimo dúvida
Dúvida e ausência de coisa nenhuma
Nenhuma coisa de nada é para ser concreto.

Silmara Silva

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Infância

Cai o pingo d’ agua na ponta da chuva
Corro a ladeira e vejo o morrinho de barro
Olha lá mamãe sorrindo ela pula cai de chinelo
Lá vai minha infância subindo de pé descalço

E meu bucho vai cheio de feijão colorido
Oh!Que minha vida era boa de jogar peteca
A meninada toda me chamava de tardizinha
Só tomava banho depois de uma boa sova

A rua era minha escola num era gente não
Matei gato na lata de leite da bomba que fiz
Era tudo ingenuidade dessa menina feliz
Lambuzei-me de lama da sarjeta que desci

Lá vai minha infância chorando de bucho cheio
Cheio das frieiras que meu pé quase caiu
Cheio dos meus risos e de minhas danações
Cheio de cabeças das bonecas que cortei

Pulei corda foi pra chegar logo na vida
As curubas em mim arderam e doeu viu
Fui criança estranha de criação rígida vovô
Porém atrás do rumo cresci menina moça

Só aos dezoitos anos conheci alguns lábios
Que quase morri, num gostei da babação
O menino fugiu, bicho do mato disse que sou!
Espantei e até hoje espanto, os moços de perto de mim

Mas eu fiz cores na infância, eu me fiz e me criei de boa
Moleca de beira de rua que do queima brinquei
Salvei vidas, salvei latinhas, salvei pega-pega, salve-me!
Gritou à vizinha: é uma peste segura esse diabo dentro de casa

Fiz sopa com as lombrigas no fundo do quintal
Doente sempre fui e não dava brecha pra febre
Era bombons misturados com comprimidos chupei
Ler foi o que fiz meu prato de todo dia comia

E quando sangrou chorei, mamãe me cortei
Era chuva debaixo de minhas pernas...
Era eu nascendo como mulher pra vida Receber
Você já pode gerar uma vida, disse minha mãe chorando

Aos olhos de quem me ver muitas histórias contei
Não sentirei mais os mesmos cheiros e gostos da infância
Não jogarei a peteca que me marcou de surra as costas
Não viverei a infância que me roubaram do doce amargo de ser criança.

Silmara Silva


quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Bendita es tu

Em noite fria o calor foi avassalador
Meus olhos entrelaçaram os seus
A neblina sumiu pra eu sumi nela
Morri em mil e acordei em ti ali

Falar dela, é viver sonhando
Meu possível amor de uma noite
Que o vento frio me trouxe
E internalizou nossas bocas

Seu cheiro embriagador voraz
Penetrou no meu intimo frio
A quentura do teu corpo em mim
Acendeu meus desejos de outrora

Minhas carnes gritaram ansiosas
Porque foi tudo em vão segundos
Que ficaram presos até o momento instante
Tua saliva aqui está em mergulho lascivo

Implorei dias e noites aquele êxtase
Na viela do quarto que acolheu o encontro
Sumiram todos na volúpia do Odilon
Fumamos uma a outra em um beijo único

Entrego-te minhas brasas em chamas
Assino ser dona de tuas garras em risco
É  assim que almejo-te flor de lótus
Nossos líquidos em ebulição carnal

Minha carne tremeu um dia
A ti estou entregue em algum lugar
Fica e dorme em mim aqui
Bendita es tu mulher. Amém!

Silmara Silva