Bem - vindos queridos mequetrefes!!!


domingo, 26 de dezembro de 2010

Desterro


Desterro lavandeira preta
Preta é a cor da roupa suja
Suja é a cor da água
Água pra lavar roupa suja
Suja é minha boca
Boca fala pra essas putas
Que o preconceito a água suja
Suja o preconceito
Preconceito com a Desterro
Desterro lavandeira
Lavandeira preta
Preta é a cor da tua culpa.

Silmara Silva

domingo, 19 de dezembro de 2010

Metrô

Te matei em outros rostos no metrô
Na velocidade da máquina vaguei
Louca entre os vagões e nada
Te sumi como o ar some no vento

Sofro não porque quero...
Mais porque necessito para criar em mim
Os últimos suspiros na hora chegada
Vejo!Porém não exergo a dimensão da minha dor

Que a força que tenho
Não me sufoquem os dias
Que pensei está só
Te matei no metrô e assim no fim

E no ponto alto de minhas idéias
Teu rosto comeu os trilhos
Que em mim andavam retrô
Em que vagão ficou meu rosto?

Silmara Silva

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Memórias Diárias

Eu não fumo revistas.
Fumo dinheiro
Fumo suores
Fumo as dores
Fumo ardente
Fumo meus órgãos
Fumo o lixo
Fumo as referências
Fumo o tédio
Fumo o ódio
Fumo as encruzilhadas
Fumo animal
Fumo as letras
Fumo mental
Fumo a sócio-idade
Fumo todos
Fumo o fumo
Fumo o meu fim no fumo
Da revista que não fumei.

Silmara Silva

S.O.C.I.E.D.A.D.E

                            Tu!podre sociedade
                        que exala a fria hipocrisia
                            pelo canto da boca
                 manifestando tua histeria anarquista
                           corrói minhas vísceras
                   atinge meu sangue em uma fervura
       que implode meus membros presos em tua mente
                            S.O.C.I.E.D.A.D.E
                             Tu não és nada!


silmara silva

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Memórias Diárias

Não me alimento poeticamente faz alguns punhados de meses... Vou arriscar dedilhar versos para ela...Ela quem?Afirmo: Nestes dias tão coloridos, embriagados de desejos...Estou vivendo tão...!Será que está na minha mente?Não!Está na minha corrente sangüínea agora, está nos meus poros, às sensações já percorrem todo o meu ser... Ah! Meu ser mais intimo sente palpitações ao encostar mais perto, e minhas mãos suadas implora o toque voraz!Ela é dona de lábios carnudos encarnados...  De um sorriso lilás, tem uma delicadeza única, e brinca com a vida, Anda descalça... Um amor pra cuidar... Cuidar dela... Cuidar do jardim... um jardim que é ela!Confesso que minha emoção tomou um novo sentir, Naquele instante ficamos somente eu e ela, até chegar ao auge do primeiro toque, seus lábios fervendo entrelaçaram os meus de leve... Precisei morrer alguns minutos para saber que estava viva, e que tudo era real dentro do meu imaginário mais lúcido. Minhas pernas sumiram, minha respiração ficou ofegante... Enfim nossos olhares se encontraram pela primeira vez, e até agora não se perderam de vista. O hoje, o agora, o momento, os minutos, os segundos, as flores, o suor, as pedras, o êxtase... Tu és um poema encarnado nas minhas entrelinhas... Você sempre alma... você é toda alma...
                                                                                                                                                                
Silmara Silva

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

...Versos Soltos...

" Eu sou cria do mundo e o mundo assim me quis...no sufoco do asfalto...na bebida dos suores...nas crises existências...basta-me o pão seco."

Silmara Silva

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Entre Agulhas

O café da manhã desceu rasgando meu amor
Que triste decepção estampou na toalha da mesa
Ficaram apenas os farelos de pães doces
Soltos por entre o vapor da água quente no fogão

O meu amor largou a casa pela manhã
Nem suas roupas vermelhas lavei
Nem seu sorriso contemplei ao acordar
Foi tudo tão mágico que logo desabei

Por outros tantos retalhos me deixou
Não pude costurar o tecido passado
E agora a linha do presente me costura
Os botões negros da nossa mentira

As estampas daquela manhã meu amor
Estão entre as agulhas em meu peito ardendo
Não quero que voltes sorrindo ao colorido
Quero distante de mim para me ver sorrindo.

Silmara Silva

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Carta aos Demônios

Recebi uma carta intitulada “Carta aos Demônios”, era meu aniversário, que irônico meu aniversário. Soava em meus ouvidos a amarga dureza das palavras projetadas como conforto para minha tão desprezível alma. Eu vi que eu sou a criação mais imperfeita da minha pessoa. O podre é que tenho o dom do buraco da lama, do chão cuspido, da boca imunda, da bebida falsa, da esmola mal dada. Olhei fixamente para as paredes do quarto e elas não me responderam. Assumem-se ignorantes dentro da mais ordinária razão. Foi então que a porta fria e o silêncio dos poetas anunciaram que os meus demônios estão querendo a liberdade de mim... Derramo até as últimas doses de lágrimas que posso para implorar que eles não façam isso. Se quiseres eu rasgo todas as palavras escritas até hoje, se quiseres eu adoto a insanidade e não lhe abandonarei nunca mais, se quiseres beberei todo o absinto proibido, mas não se libertem assim, de mim, por mim, em mim, por fim... Amanhã será sexta-feira dia da colheita das dores, prometo que colherei todas as dores de pessoas felizes, e todas de agora em diante farão parte do meu intimo,só eu terei o direito de sentir dor pelo resto do mundo. Falas comigo?Não se preocupe pode rir, eu fico aqui quieta, asmática, com uma série de formigamentos pelo corpo, mas eu fico aqui quieta [...]. Não queres que eu abra a boca para lhe confortar com intocáveis escritos?Então falarei para os mortos que estão mais vivos do que vossa senhoria. Tenho dito, ou melhor, tenho cuspido: “Eu estou viva mesmo não acreditando, e viverei mais do que eu mesma imagino e muito mais do que eu possa pensar e muito mais ainda do que eu possa prevê. Sou e estou viva no que está morto, dentro de mim e que por mim fala. Não acredito mais no que dizem meus demônios, e se eu acreditar morrerei na data prevista por eles, que moram no infinito da minha escuridão perdidos em meus desvarios. Hoje é dia de choro, não porque morri, mais porque descobri que permanecerei viva nas linhas que tracei e nas palavras que nelas escrevi. Ficarei lúcida na mente dos que se atreveram a me lê e não mais me esqueceram”. Não mais celebrarei a morte, não mais me prenderei a nada, nem aos vultos e nem aos ocultos... exaltarei a vida porque nos últimos anos matei a morte em mim.
                                                                                                                       Silmara Silva