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segunda-feira, 2 de maio de 2011

Aranhas [...]


Enveneno tuas teias embebidas de fome e frio no breu da corte vil
E na languidez sublime me comeste o cérebro ruivante sufocar-me!
De dentro do beco sujo de origens que te tece de linhas bucólicas
Agarra-te nas sombras de corpos que desfiam na sede sem ar

Tempera tua dança em pernas afinadas de temperamento carnal
Escorre nas paredes úmidas tua ironia ríspida e encaixa no nada
Lateja a gosma do teu amanhecido veneno nas entrelinhas acorda
Escova os buracos, as alcovas, as entradas sem entradas de saída

Lentamente de impactos súbitos envolve minha mente anacróticos
Entrelaçados de vultos aracnofobicos sujeitos a aversão do toque
Medo tridimensional digerido irracionalmente em estado de choque
Bloqueia meu corpo de movimentos expressivos e me prende em ti

E na luta de milhares de pernas dançando em fios finos gritantes
Enrosco-me no gosto de suas pernas abertas em fogo soluçantes
Aranhas de meu eu nascidas das entranhas das virgens fêmeas
Dorme na insanidade de tuas teias e seja dança oferecida a pó.

Silmara Silva

(Escrito especialmente aos bailarinos Nayara Fabricia e Zé Carlos).

2 comentários:

Unknown disse...

engraçado como não conhecemos as pessoas... não sabia que dentro de vc existia tamanha poetisa. adoro surpreender-me. sucesso!

Nayara Fabrícia disse...

Amiga, é impressionante perceber como sua poesia ver as coisas e o mundo!
Muito obrigada por fazer nascer em mim essa aranha!
Adorei e espero fazer ler as entrelinhas através dos nossos corpos!