Bem - vindos queridos mequetrefes!!!


segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Prontuário


Entre borrados escritos meu diagnóstico diário de concepções internou-se
Alguém alterou meus efeitos danosos ao longo de uma vida descontrolada
Receita insuficiente que tomei ao penetrar nas correntes sanguíneas da vida
Infectada de idéias excessivas nas reações adversas corrompe os corredores

Nas colunas de um branco celestial encontram-se soros perambulantes atroz
Sede de nada e fome de alta construção mental e prazeres inertes as vontades
As agulhas sussurram as almas aflitas liquido destroça o doravante imaginário
Levanto em direção ao vaso inócuo água e veneno implantado nos meus caos

Aos que me olham sem me ver superficialmente me detonam a maca ao fundo
Nem gritos e nem gemidos os danos estão resguardados em anos de sofreguidão
Eu vejo aqui de dentro de fora eles passarem intactos e distantes dos semi - vivos
Cuspiram todo o mundo na soberba de aliviar nossas dores lascivas rasguei meu nu

Um dia viveu na vida de lamentações sanguessugas inativos na correria do frio letal
Sou um arquivo indestrutível nadando para um mar sem começo afogando meu ar
Não sou o que escreves nem tão pouco sou experimento sem solução de tua mente
Sou a cura de todos os males e o remédio de defesa e de acusação de mim mesma.

Silmara Silva

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Clausura

O sol que sai todos os dias de dentro de mim
É o que ainda me salva dos tormentos ingeridos
Mais confesso que os olhos cegos me avassalam
Há uma retração de pele onde o prazer se rasga

Ando sem chão no céu das minhas pelejas diárias
Encontro mil bocas e vultos de uma noite fumante
E como dói beber ao longe o cheiro forte de gente
Disponho-me a comer os gemidos dos derrotados

Na liberdade de está presa por desencontros meus
Quem passa por mim não ver o ser que não existe
O que está vivo no mormaço de um corpo voando?
Uma inquisição dominante de idéias desabotoadas

Irei correr e sair desse mundo nu na devastação
Somente minhas carnes frias sentirão a substância
E ao mestre maior que abra as portas da clausura
Não regressarei aos maus vividos anos retrógados.

Silmara Silva

domingo, 21 de agosto de 2011

O Artista na Dor


Um brinde aos goles rasgados que respiram o vapor da minha encenação. Alguém me escuta?Alguém me interpreta?Sabe quem eu sou?Sinto ao longe minha respiração. Bom!Quero embriagar-me nessa desventura de ser eu mesma, desnuda-me!Enxugarei o meu lúdico no guardanapo que tudo escuta e que nada sabe. Danço os passos de uma guerra derramando o suor do meu ensaio e do prazer. Olhem todos para cá, vejam!Este é o meu, o seu, o nosso, exponho a todos: Aqui lhes entrego o sangue avermelhado do artista que só chora de tanto rir da desgraça do pão seco de todos os dias. Será preciso corromper-me?O ciclo está se fechando, baila o ator, atua a dançarina, canta o artista plástico. E geme de dor o artista de rua, da lua, do palco, dos becos, de dentro de suas casas, do céu e do mar. Não venho aqui pedir piedade, venho aqui pedir que nos olhem com fé, que nos beije sem traição, que nos abrace com força, que nos aplaudem com sinceridade, que nos paguem se tiverem consciência. Que nossa arte faça parte da cesta básica e vos alimente a alma e nos livre da assombração do nada.
Silmara Silva

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

... Pensamentos Diários ...

"A morte me puxa para dentro da garrafa...me afogo no alcóol...embebedo a morte e mato-a com o fogo do fósforo...jogo as cinzas no rio perto de casa".

Silmara Silva

sábado, 9 de julho de 2011

Tempo


E se nasci na época errada meus antepassados que me perdoem não
Mas grandes revoluções internas se criaram nas linhas do tempo aqui
E nas grandes navegações de minhas aventuras eu tenho dito lutei ali
Amordacei as labaredas de lágrimas que inundaram os oceanos azuis

Sobrevivência em terra de mentes fechadas a glória é para poucos sei
E as vielas de conversas abafadas transitam em meio às saias largas ai
Entorpecer no porão a bebida quente da modernidade do homem viril
Bebem grosseiramente as palavras de alguém que não se mostra vivo

De repente o silêncio daquela noite sorriu para as estrelas nostálgicas
Todos os corpos sujos audaciosos se fizeram de mercador tempestivos
A vida ali é apenas farol que guia os tripulantes desse navio de sonhos
Não se nasci mil vezes se nasci para o nada e para a existência de ser

Houve se um sonoro apito ao longe do corpo do mar dançando assim
As sinaleiras nos avisam que à hora do retorno é chegado em terra não
Há uma divisão entre o crepúsculo e o amanhecer nasceu sem tempo fui
Libertem-se todos os viventes de todos os tempos recuados da história.

Silmara silva

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Desconfigurado


Apagaram as linhas do meu erro destino
Deformaram minha dor em sofrimentos
E o que me dói é saber o que eu já sabia
Eu já estava envolvida no meio das curvas

Caos que comem a solidão adormecida
Bocas que dizem tudo que não pensam
Destroem a essência da pura inocência
Corta a fragilidade da força que não há

Os olhos que intimidam são os mesmos
Chorar para rir e não para se libertar sim
É tão raso meu vaso do lado do peito é
E tudo já é poeira diante dos meus pés

Petrificou a saliva da secura da palavra
E os versos que conduzem minha vida
Apagaram se no ar impuro das virgens
A vida cega que não ver o vão do finito.

Silmara Silva

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Precipício

O mundo está vivendo na escuridão do mundo
Viver no mundo é viver imundo na sujeira alheia
Todas as crias já não se criam até o fim do início
Pecam na cruz sugando a vida que desmundou

E da essência desse mundo carente a boca fé
Mata a prece do corpo fértil que reage a glória
Julgamos a ressurreição do mundo no silêncio
O mundo dos pensamentos move nossa oração

Velhos terços novos de minha labuta de mulher
Corrompe as veias e lava minhas impurezas feias
O mundo nos dá os precipícios e facilidades em ter
Devora as almas famintas de perdão e desapego

Ajoelha nos becos imundos a reza dos homens
Implora tuas vontades mais pecadoras e fiéis
Não esvazia tua alma que de sede vomita fel
Nasce um mundo criado e destruído pela fé.

Silmara Silva

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Aranhas [...]


Enveneno tuas teias embebidas de fome e frio no breu da corte vil
E na languidez sublime me comeste o cérebro ruivante sufocar-me!
De dentro do beco sujo de origens que te tece de linhas bucólicas
Agarra-te nas sombras de corpos que desfiam na sede sem ar

Tempera tua dança em pernas afinadas de temperamento carnal
Escorre nas paredes úmidas tua ironia ríspida e encaixa no nada
Lateja a gosma do teu amanhecido veneno nas entrelinhas acorda
Escova os buracos, as alcovas, as entradas sem entradas de saída

Lentamente de impactos súbitos envolve minha mente anacróticos
Entrelaçados de vultos aracnofobicos sujeitos a aversão do toque
Medo tridimensional digerido irracionalmente em estado de choque
Bloqueia meu corpo de movimentos expressivos e me prende em ti

E na luta de milhares de pernas dançando em fios finos gritantes
Enrosco-me no gosto de suas pernas abertas em fogo soluçantes
Aranhas de meu eu nascidas das entranhas das virgens fêmeas
Dorme na insanidade de tuas teias e seja dança oferecida a pó.

Silmara Silva

(Escrito especialmente aos bailarinos Nayara Fabricia e Zé Carlos).

terça-feira, 5 de abril de 2011

Maus Quereres

Algo me mata de fome aqui dentro
E eu não sei comer isso de tempero forte
Os cantos de minha casa já não suportam
Minhas crises de ânsia apodrecem as paredes

Alguém bebeu meu encontro poético
Comeram o endereço da esquina
Breve indigestão da rua que se perdeu
Não voei ao longo do que não vi

Só buscava ver além do outro além
Morri de fome comendo a espera
Do tempo que não veio me ver
Chorei dentro de todos sim

Com que máscara vou sair
Se na face não sei mentir
Sobrevivo de dentro do vácuo
A sorte minha senhora algoz.

Silmara Silva

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

O Estudo do Nada

Nasce o nada para ser nada
Nada vem do nada em vão
Vão do nada em busca surgir
Surgir o ser e não agir

Agir em planos impares
Impares no nada é par
Par de dois ou três de nada
De nada vale sentir o nada

Nada mais intimo que ler
Ler o nada traduz saberes
Saberes que o nada existe?
Existe para seres nada enfim

Enfim de tudo o nada explica
Explica o nada sinônimo dúvida
Dúvida e ausência de coisa nenhuma
Nenhuma coisa de nada é para ser concreto.

Silmara Silva

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Infância

Cai o pingo d’ agua na ponta da chuva
Corro a ladeira e vejo o morrinho de barro
Olha lá mamãe sorrindo ela pula cai de chinelo
Lá vai minha infância subindo de pé descalço

E meu bucho vai cheio de feijão colorido
Oh!Que minha vida era boa de jogar peteca
A meninada toda me chamava de tardizinha
Só tomava banho depois de uma boa sova

A rua era minha escola num era gente não
Matei gato na lata de leite da bomba que fiz
Era tudo ingenuidade dessa menina feliz
Lambuzei-me de lama da sarjeta que desci

Lá vai minha infância chorando de bucho cheio
Cheio das frieiras que meu pé quase caiu
Cheio dos meus risos e de minhas danações
Cheio de cabeças das bonecas que cortei

Pulei corda foi pra chegar logo na vida
As curubas em mim arderam e doeu viu
Fui criança estranha de criação rígida vovô
Porém atrás do rumo cresci menina moça

Só aos dezoitos anos conheci alguns lábios
Que quase morri, num gostei da babação
O menino fugiu, bicho do mato disse que sou!
Espantei e até hoje espanto, os moços de perto de mim

Mas eu fiz cores na infância, eu me fiz e me criei de boa
Moleca de beira de rua que do queima brinquei
Salvei vidas, salvei latinhas, salvei pega-pega, salve-me!
Gritou à vizinha: é uma peste segura esse diabo dentro de casa

Fiz sopa com as lombrigas no fundo do quintal
Doente sempre fui e não dava brecha pra febre
Era bombons misturados com comprimidos chupei
Ler foi o que fiz meu prato de todo dia comia

E quando sangrou chorei, mamãe me cortei
Era chuva debaixo de minhas pernas...
Era eu nascendo como mulher pra vida Receber
Você já pode gerar uma vida, disse minha mãe chorando

Aos olhos de quem me ver muitas histórias contei
Não sentirei mais os mesmos cheiros e gostos da infância
Não jogarei a peteca que me marcou de surra as costas
Não viverei a infância que me roubaram do doce amargo de ser criança.

Silmara Silva


quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Bendita es tu

Em noite fria o calor foi avassalador
Meus olhos entrelaçaram os seus
A neblina sumiu pra eu sumi nela
Morri em mil e acordei em ti ali

Falar dela, é viver sonhando
Meu possível amor de uma noite
Que o vento frio me trouxe
E internalizou nossas bocas

Seu cheiro embriagador voraz
Penetrou no meu intimo frio
A quentura do teu corpo em mim
Acendeu meus desejos de outrora

Minhas carnes gritaram ansiosas
Porque foi tudo em vão segundos
Que ficaram presos até o momento instante
Tua saliva aqui está em mergulho lascivo

Implorei dias e noites aquele êxtase
Na viela do quarto que acolheu o encontro
Sumiram todos na volúpia do Odilon
Fumamos uma a outra em um beijo único

Entrego-te minhas brasas em chamas
Assino ser dona de tuas garras em risco
É  assim que almejo-te flor de lótus
Nossos líquidos em ebulição carnal

Minha carne tremeu um dia
A ti estou entregue em algum lugar
Fica e dorme em mim aqui
Bendita es tu mulher. Amém!

Silmara Silva

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Augusto

Comi a lavagem que o diabo vomitou
Amarguei a bebida ontem no beco
As negras fumando vapor de chão
Pisei feio no dia de ontem
Acabou que nem consumi
Os trechos de augusto
Queimou lá versos pro povo
E eu perdida na sarjeta das falas
As línguas dentro das línguas
Pontuando as minhas reticências
Ah!Augusto salva este povo
Da ignorância alheia
E eu dando uma de mundana
Colhi foi cuspe de bocas desaforadas
Que no auge das interrogações
Lambiam minhas idéias
E recolhiam minhas vergonhas
Dentro do meu vocabulário fajuto
Augusto arregaçou um parágrafo
E disse: tu surges em meio às prostitutas
Em meio aos bêbados,
Em meio às negras de dentes largos
No intro dos intelectuais
Mostra teu mundo pro povo
Mostra tua carne de rua
Não te mostra minúscula
Abre teus desabafos
Entranha no meio das coisas
Ah!Augusto me ama!
Mas tenho o saber das damas
De sapatos vermelhos em cetim
Bebo puta vil
O cálice da mediocridade
Augusto deixa comer
O desmundo profundo
A mariposa chegou
Veja só o meu mundo.

Silmara Silva